AH! O FESTEM - Texto de Cris Anovazzi



Ah! O FESTEM!

Já foi lançado o regulamento do FESTEM, que acontecerá de 25 a 29 de agosto de 2010. Nas edições anteriores o evento era realizado com o nome de FESTEC – Fase Municipal e, agora terá nova abordagem junto às pessoas que gostam e fazem teatro em Catanduva. Na ciranda, cirandinha, vamos, literalmente, todos cirandar, no FESTEM deste ano. A novidade é que ele está aberto à participação de grupos de escolas, associações, igrejas e todos aqueles que tiverem interesse na arte teatral e não haverá seleção de espetáculos: todos que se inscreverem irão se apresentar.

Alguns criticam, pois deduzem que o festival terá baixa qualidade artística em virtude da “não-seleção”. Outros apóiam, pois acham que é um meio de fomentar a produção teatral na cidade.

O Festival não é competitivo, mas é indicativo, ou seja, quem for indicado passa para a Fase Estadual do Festival. Um grande paradoxo, pois quem está no meio teatral, sabe que, a partir do momento que o FESTEM indicará até 5 grupos para o estadual, ele “inconscientemente”, torna-se uma batalha artística. Todos os grupos querem passar para a fase estadual, representar a cidade (ainda que muitas vezes ela não mereça), mostrar seu trabalho junto a outras cias do estado e, também, precisam da ajuda de custo que é dada somente nesta fase do festival, para que possam aplicar nas suas próximas produções. Isso mesmo. Quer dizer, alguns diretores embolsam o dinheiro sozinhos, utilizando seus atores e/ou alunos como fonte de renda, mas os grupos sérios (e graças aos deuses do teatro, eles são maioria) que se classificam, aplicam suas ajudas de custo em suas produções, aluguel, insumos (não dá pra pagar cachê pra ator, diretor, figurinista, produtor); esta é uma das formas de grupos atuantes que não têm seus rabos presos à politicagem, continuarem produzindo arte na cidade.

Ah! Também não podemos esquecer da moda lançada há alguns festivais: Se você não tem cacife artístico monte um grupo de crianças ou idosos! Um apelo à comoção! Assim os jurados de rasos passam a cegos e ficam encantados! Pois os artistas de meia-idade não comovem! Coloque todos para cantar, saltitantes, sorridentes e pequeninos! Este ano a tal onda foi cancelada, mas por tempo determinado. Mas sabe-se que ela logo voltará tão sedenta, com 5 nomes de grupos diferentes, mas com o mesmo elenco. Curioso, não! Mas aqui acontece!

Fica o apelo: sabe-se que os jurados são contratados a partir de seus currículos, espera-se que, neste ano, eles não sejam tão rasos quanto foram na fase municipal do não passado. Afinal, eles estarão escolhendo quem representará a cidade na outra etapa, então acredita-se que devam julgar a qualidade artística, que provoquem, que questionem: “O que estão fazendo?” “Por que estão fazendo?” “O que querem com o que estão fazendo?” E que cutuquem as feridas deixando o grupo tão irado que eles cada vez mais busquem se apropriar e aprimorar suas formas artísticas e discursos poéticos. Valha-me Deus dos artistas! Dos palhaços! Dos desesperados! Não enfiem goela abaixo de artistas que tem propriedade sobre sua arte, meia dúzia de pessoas que acharam “bonitinhas”!

O Festival é uma grande iniciativa. O que já está bom, está bom. Estamos aqui para dizer o que pode ser melhorado e o que, de tão gangrenado, deve ser amputado. Infelizmente, algumas decisões fogem das mãos de quem é especialista na área e, acima de tudo, quer ajudar e fazer o que é justo.

È isso aí! Se a intenção fosse colocar pano quente em certos deslizes que acontecem nas cochias do cenário cultural, seria pastora, madre ou política. E se concordasse com tudo, estaria vendida e pendurada na estrela dos xerifes. Enfim, isso já é outra pauta!


Cris Anovazzi é publicitária e mercadóloga - Colunista do Jornal "O Regional" - Produtora e figurinista do Núcleo SALA 18 - Vice Presidente da Associação Dell´Arte
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