Projeto Ademar Guerra encerrou-se no último final de semana




O Projeto Ademar Guerra, recebido pelo Núcleo SALA 18, teve sua última visita de orientação domingo (7). Neste ano, o Núcleo recebeu a orientação do profissional Jucca Rodrigues, antigo coordenador da Funarte em São Paulo, para o processo de pesquisa do texto “Yerma”, de Federico Garcia Lorca.

O Núcleo fará uma releitura do espetáculo, utilizando-se da poesia de Lorca para falar sobre as relações sociais subversivas que se arrastam até os dias atuais: a sociedade castradora, paradoxalmente, criticada pelo próprio indivíduo que faz parte, cria e segue as regras da mesma.

Neste domingo (14) o Núcleo SALA 18 realizará a estreia experimental de cenas do espetáculo na oficina cultural Oswald de Andrade, num encontro que reunirá todos os grupos, orientadores, idealizadores e administradores deste brilhante projeto que há alguns anos dedica-se ao fomento artístico no interior do estado de São Paulo.

Estreia Experimental de YERMA será na Capital




Com a idéia de romper com o estabelecido pelo teatro tradicional, o teatro experimental, baseia-se me três eixos principais: texto, espaço e disposição do público – convertendo-se em outra forma de aproximação ao fenômeno dramático, com montagens inovadoras que dão ênfase ao gestual e não à palavra. O teatro experimental se propõe a criar consciência no público, de maneira mais direta, sobre seu papel na sociedade. O Núcleo SALA 18 apropria-se desse teatro para fazer sua releitura do texto “Yerma” de Federico Garcia Lorca. A grande característica do Núcleo é a ousadia e o diretor Rafael Back explica “Fazer teatro experimental é um risco muito alto, mas nossa verdade absoluta é que não existem verdades absolutas. Fazemos o teatro que acreditamos com responsabilidade. Nossa opção pela presente peça justifica-se por seu caráter questionador, segundo nossa leitura do texto.”

A história de Lorca discorre sobre a angústia de Yerma, uma mulher que vive em um ambiente rural, casada há dois anos e vinte dias e sem filhos. Segundo os costumes Yerma torna-se o problema do casal e alvo de severas críticas no vilarejo onde vive por ser uma mulher sem filhos. O texto de Lorca, através desse fio condutor, aponta relações sociais subversivas que se arrastam até os tempos atuais. Uma sociedade castradora, paradoxalmente, criticada, pelo próprio indivíduo que faz parte, cria e segue as regras dessa sociedade.

Há seis meses recebendo orientação do Projeto Ademar Guerra, através do profissional Jucca Rodrigues, o Núcleo SALA 18 realizará a estreia experimental do espetáculo na oficina cultural “Oswald de Andrade” em São Paulo em novembro. Segundo a atriz Fabíola Mello “estamos muito satisfeitos pela oportunidade da estreia em São Paulo, junto a velhos amigos do Ademar Guerra. Representamos Catanduva com qualidade e orgulho, ainda que, na maioria das vezes, a política da cidade parecem estar com os olhos fechados para nossas realizações dentro e fora da cidade.”

A direção do espetáculo é assinada por Rafael Back, no elenco estão Fabíola Mello, Ivyusch Ferreira, Renata Clemente, Salete Libanio e Susan Del Rey. A produção e figurino do espetáculo são assinados por esta colunista.
Para 2011, o Núcleo SALA 18, planeja firmar temporada com o espetáculo, em sua sede, localizada no prédio do Armazém do Café.

(Matéria por Cris Anovazzi da Coluna Arte em Cena - Jornal O Regional)

Núcleo Sala 18 participa de Musical



Núcleo SALA 18 participará mais uma vez do musical "CATS". Dessa vez o convite veio por meio da CELT, da Secretaria de Assistência Social e da coreógrafa Marilaine Paulino Lé.

"A primeira vez que apresentamos esse musical foi em 2008 em parceria com a Estação Corpo Academia, com um elenco de trinta pessoas. Dessa vez será um desafio bem maior para todos porque serão mais de setenta pessoas em cena. Será um grande espetáculo". - Diz Rafael Back.

Cats é um musical composto por Andrew Lloyd Webber que teve sua estréia em Londres em 1981, mas que se consagrou por mais de vinte anos em cartaz na Broadway. Para realizar esse espetáculo, Llyod Weber musicou uma série de poemas de T. S. Eliot sobre gatos e acrescentou um roteiro, onde Memory foi uma das suas músicas de maior sucesso.

No musical, os gatos jellicle, palavra que só eles sabem o seu significado, se reúnem uma vez ao ano para que seu líder escolha um e apenas um deles para ir a um lugar melhor. Entre os personagens mais marcantes estão Munkustrap, o narrador da história, o Velho Deutoronomy, o líder dos Jellicles e Grizabela.

Essa obra é tida como uma das maiores produções da Broadway, e já foi vista por mais de 50 milhões de apreciadores, num total de 45 mil apresentações.

Em Catanduva programas sociais da coordenadoria de esporte e lazer (CELT) e da Secretaria de Assistência Social (SEMAS) com o programa PETI (programa de Erradicação do Trabalho Infantil) farão partes do espetáculo com diversas coreografias.
A coordenação do espetáculo é de Marilaine Paulino Lé e conta também com coreografias de Guilherme Vergani.
Os atores do Núcleo que participam são: Rafael Back (velho Deuteronomy), Fabiola Mello (Grizabella), Henrique Zukovski (Munkstrap), Bruno Marin (Macavity) e Antonio Carlos (Gus).

A apresentação será no dia 12 de Novembro no Teatro Municipal "Aniz Pachá" e a entrada será gratuita.

NÃO PERCAM

1º FESTIVAL DE FORMAS POÉTICAS





1º Festival de Formas Poéticas


No dia 07 de Agosto o Núcleo SALA 18 e a Associação Dell’arte promoveu o 1º Festival de Formas Poéticas em sua sede. O mote do evento foi a arte pela arte. A diretoria da associação (que são integrantes do Núcleo SALA 18) com a cara, a coragem e com rasos recursos financeiros advindos de seus próprios bolsos, reuniu cerca de 200 pessoas, entre artistas e grupos de artistas que mostraram seu trabalho e o público.


Foram realizadas apresentações individuais e coletivas: poetas leram seus poemas, contistas seus contos, atores e bailarinos apresentaram suas performances, músicos tocaram suas músicas.

Dentre outras apresentações, O grupo Al Face (1º lugar em dança contemporânea no festival de Catanduva) foi convidado para abrir o evento com perfomance, o Núcleo SALA 18, apresentou uma cena inédita do espetáculo "YERMA" e uma cena do “Cama de Lua”, o encerramento foi com as Bandas Controlverse e N-way, integrantes do Núcleo Rodrigo Netto.

Houve também uma homenagem a uma grande artista, a cantora catanduvense, Constância Leão, com a presença de seus familiares.

O mais mágico desse festival foi o encontro da arte com várias tribos. Essencialmente, o público que compareceu para foi formado por pessoas que não tem hábito nenhum de ir a eventos culturais, que, por exemplo, não conheciam Shakespeare, mas ao ouvirem o ator, Murilo Gussi, vociferando: “O meu nome não é Hamlet”, ficaram anestesiados e, a partir de então, perguntas sobre Hamlet os levaram a conhecer um dos maiores artistas de todos os tempos através de conversas e debates fomentados pela peça teatral "sobre Maças, água, fita crepe ou Coma-me". A sensação de presenciar esse público com os olhos grudados em toda e qualquer apresentação é algo como uma catarse. Minhas palavras seriam mesquinhas ao explicar a importância desse primeiro encontro, tão sedutor (e todo tipo de sedução é muito boa) entre a arte e a cidade de Catanduva, através de cidadãos comuns, que dedicaram as horas do seu sábado à noite ao ato de se deixar levar pela arte, absorvendo tudo que nela há de mais encantador.


Resultados

A Associação Dell’arte plantou sua 1ª semente e continuará semeando, pois a partir do 1º Festival de Formas Poéticas formou-se um Núcleo, que promoverá encontros mensais para compartilhamento de processos artísticos compreendendo leitura de textos, poesias, encenação e música. Segundo o idealizador do evento e presidente da Associação, Rafael Valeão, “nossa intenção é promover o Festival todos os anos, mas sua manutenção acontecerá todos os meses com o encontro do Núcleo de Formas Poéticas. O Núcleo está aberto ao público e também com os microfones e luzes para quem quiser se manifestar artisticamente.”
Os encontros terão o objetivo de otimizar a produção artística de artistas e não artistas, além de preparar material para o 2º Festival de Formas Poéticas.

CAMA DE LUA - Palavras dos jurados






“Palavras duras em um debate cruel. A experimentação traz em si o avanço necessário à compreensão do fazer teatral na atualidade, onde a descoberta, necessariamente, deve se confundir aos equívocos, enquanto a linguagem caminha para o desenvolvimento artístico crítico. Tal postura é fundamental à arte e à sociedade, portanto, igualmente fundamental vê-la exposta a vôos mais altos, como o festival estadual.”

Ruy Filho (sobre o espetáculo teatral "CAMA DE LUA" do Núcleo SALA 18)



“Cama de Lua” prima pela ousadia do experimento e isso, por si só, é uma grande vivência artística em sua plenitude. É através desse se jogar à experimentação que a experimentação artística se faz para que o óbvio da arte e da vida se desconstrua e evolua. Vivenciar novos experimentos, ousar, expor-se com plenitude ímpar: é a desta maneira que a evolução artística se faz. As escolhas são livres, por isso plenas! Flexíveis! Parabéns a todos! Indico à participação no FESTEC.”

Silvanah Santos (sobre o espetáculo teatral "CAMA DE LUA" do Núcleo SALA 18)

YERMA - Compartilhamento e intensivo 2010





O texto de Lorca é uma obra popular de caráter trágico. Yerma é uma mulher que vive o drama de não poder conceber um filho. Busca de todas as formas engravidar e enfrenta a indiferença do marido, João, que não demonstra nenhum interesse em compartir da sua angústia. Yerma é condenada pela sociedade da época por ser casada há dois anos e não possuir um filho. Ao final da trama ela descobre que o problema é seu marido João, que além de ter problemas para conceber um filho, também não queria tê-los. Em uma discussão ela mata o marido. A partir do processo de estudo e pesquisa do texto levantamos uma gama de temas que podem ser abordados através do texto.

Com Yerma temos o objetivo de falar sobre as imposições dessa sociedade castradora na qual vivemos e a qual acusamos por nos castrar, porém também fazemos parte dela.

A cobrança da sociedade por uma mulher não ter filhos é uma maneira de ilustrar tudo que nos é imposto. Exemplos: Por que uma mulher tem que casar? Por que ela TEM que ter filhos? Por que tem que saber cozinhar? Ademais, o Núcleo SALA 18 tem uma força feminina muito grande, é um grupo formado, em sua maioria, por mulheres.

Na mostra de compartilhamento, preparamos algumas cenas que surgiram no processo de criação e cada personagem pronunciou seu testemunho, visto que Yerma mata João. A partir das cenas e testemunhos pedimos ao nosso público que sentasse do lado esquerdo que condenava Yerma e do lado direito que condenava João. Abrimos um debate para a discussão dessas acusações, logo após do processo e da significância do tema.

O Núcleo SALA 18, sempre que escolhe um texto, não escolhe simplesmente porque ele é "bonitinho" e pode comover. O teatro é nosso meio de expressar o que pensamos sem censura. O teatro é formador de opinião, ele pode voltar as atenções do público para assuntos relevantes e que muitas vezes caem no esquecimento ou passam desapercebidos pelas pessoas. Esse esquecimento ou desatenção pode ser uma simples falta de interesse, ou pode estar ligado ao bombardeio de informações que sofremos atualmente, ou pelo contexto individualista em que vivemos.

Como a editora do jornal “O Regional” disse um dia "nós idealistas, na maioria das vezes, morremos engasgados com nossa própria angústia".

Sim é bem verdade, tentamos utilizar o teatro como meio de mostrar (verbalizando ou não) nossos ideais.

Compartilhamento de Processo - YERMA



Compartilhamento de Processos Ademar Guerra 2010

O Projeto Ademar Guerra promove em parceria com os grupos orientados, a “Mostra de Compartilhamento de Processos Artísticos”. A programação deste ano teve início ao mesmo tempo, às 18 horas, nas 24 cidades-sede dos 29 grupos que estão recebendo orientação. Segundo Abílio Tavares, coordenador do projeto, “a regra era que todos os grupos realizassem seus trabalhos durante o mesmo horário para que as energias fossem concentradas em favor de um mesmo ideal: a arte”.

Objetivos

O principal objetivo dessa jornada intensiva é a inserção do trabalho do grupo junto com o orientador no contexto de sua própria comunidade.

A ideia não é apresentar um espetáculo pronto, mas sim, compartilhar processos; uma espécie de “Casa Aberta”, onde o público da cidade seja recebido no próprio espaço de trabalho do grupo e possa participar de atividades seguidas de troca de idéias e impressões.


“Yerma”

Em Catanduva, o Núcleo SALA 18 é quem está representando a cidade neste projeto da Secretaria de Cultura do Estado, através do profissional Jucca Rodrigues. A pesquisa do Núcleo tem como base o texto “Yerma” de Federico García Lorca. Diante do vasto e poético universo lorquiano o grupo ainda avalia como fará a sua leitura do texto “estamos estudando cautelosamente o complexo universo de Yerma, o qual traz à tona muitas questões sociais que estão enraizadas desde o início dos tempos”, afirma Rafael Back, diretor do Núcleo.

O Núcleo espera que o encontro com o público gere um diálogo franco. “Nossa intenção é que cada uma das partes possa expressar de que forma se comunicou com aquilo que viu ou experimentou.”

A mostra acontece nos dias 21 e 22 de agosto, sendo o dia 21 a preparação do encontro do dia 22, que será aberto ao público.

(Matéria retirada da Coluna "ARTE EM CENA" do dia 19 de Agosto de 2010)